Prevenir uma das doenças que mais cresce no mundo e que, conforme estimativas, vai matar mais que os problemas cardiovasculares pode estar ao alcance das nossas mãos. Tirando alterações genéticas, o câncer pode ser prevenido por intermédio de ações simples como alimentação saudável e prática regular de exercícios físicos. Foi sobre esse último hábito que entidades médicas norte-americanas de debruçaram para criar um guia com novas diretrizes.
Convocadas pelo Colégio Americano de Medicina do Esporte, 17 organizações, entre elas a Sociedade Americana de Câncer, se reuniram para discutir e revisar os últimos estudos científicos sobre os benefícios do exercício para prevenção, tratamento, recuperação e melhor sobrevivência de pacientes com câncer. Conforme o documento, a atividade física para adultos tem papel importante na prevenção e reduz os riscos de, pelo menos, sete tumores: cólon, mama, endométrio, rins, bexiga, esôfago e estômago.
Como apresenta números exorbitantes – a Organização Mundial da Saúde (OMS) estimou cerca de 9,6 milhões de mortes em função da doença em 2018 –, o debate sobre prevenção não é novo.
Mas como correr, pedalar ou nadar pode impedir o crescimento desordenado de células? Especialistas explicam que a exposição crônica a estes picos de insulina aumenta o desequilíbrio hormonal, aciona fatores de crescimento que estimulam a proliferação celular e os processos inflamatórios, que podem contribuir para o desenvolvimento do câncer.
Além desse mecanismo, o exercício físico tem ação importante sobre o controle da obesidade, doença relacionada a diversos aspectos inflamatórios. Quando não nos exercitamos, acumulamos energia na forma de gordura. Ela, além de também estimular os processos inflamatórios, serve como repositório de hormônios e, principalmente nas mulheres, o estrógeno armazenado desencadeia um maior risco de câncer de mama e endométrio.
Como fator de prevenção, o exercício deve ser feito de acordo com as recomendações da OMS: 30 minutos por dia de atividades aeróbicas, feitas cinco vezes por semana. Associado a eles, é recomendado investir em exercícios de resistência, pois eles melhoram a força muscular e ajudam a combater a osteoporose. Para complementar, é indicado ter hábitos alimentares saudáveis, reduzindo a ingestão de carboidratos e consumo moderado de carne vermelha.
Exercício na doença
Importante na prevenção, o exercício também é fundamental durante e após o tratamento contra o câncer. Esses dois aspectos também ganharam novas recomendações pelas autoridades norte-americanas. Conforme o guia, há melhoria significativa na vida de sobreviventes da doença que incluem atividades físicas na sua rotina. “Exercitar-se durante o tratamento, quando houver condições, melhora aspectos como fadiga, ansiedade e depressão”, diz o documento.
Exercícios melhoram a capacidade vascular, reduzem a perda de musculatura, melhoram o humor e ainda ajudam a ação das drogas anticâncer, sobretudo, a imunoterapia.